quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Carlota

Carlota tinha mais horas de experiência do que o pipoqueiro com 15 anos de profissão, mesmo no auge de seus 19 anos.
Corria pelas ruas sujas buscando limpar a alma, por vezes até mesmo se esconde nas esquinas e olha os carros passarem e isso embaralha sua mente.
Pega carona com pessoas enigmáticas pra somente ter que se preocupar em descobrir o que a pessoa traz consigo, o medo até esquece no deslizar das palavras.
Tem um caderninho, com balões coloridos estampados na capa que guarda na bolsa.
As pessoas mais interessantes eram anotadas em sua versão, assim como a idéia de vida que ela acha correta e divertida.
Quando entra no prédio que mora com os pais e os dois irmãos mais novos é vista como uma moça suja perante as donzelas recatadas que ali também vivem (ou vegetam numa idéia proposta).
Pouco se importa e retoca o batom rosa-choque no espelho do elevador, as donzelas assustam-se e a sua rebeldia gargalha insanamente.
A rotina não era sua amiga, dificilmente visitavam-se.
Naquele dia saiu despretensiosa com seu tênis e vestido laranja sem mangas.
Parou na sinaleira e entrou no carro azul que lhe propôs carona.
Estava tocando um CD da Cássia Eller ela olhou ele nos olhos.
Foi com ele para casa, que também tornou sua casa, amou e começou a gostar de contar as horas pra sair do trabalho que ele tinha arrumado pra ela e os minutos pra ele chegar em casa.
E até hoje ela mora naquele abraço.

2 comentários:

Miriam disse...

Gostei... principalmente da reviravolta da vida dela! Acabou rotineira... heheheh o amor faz isso...

Ana Claudia disse...

Hahahah É irônico e delicado ao mesmo tempo!

"Não tenha medo: nem tudo tem explicação. Há mistério em quase tudo, nem todo veludo é azul. O coração sempre arrasa a razão, o que é preciso ninguém precisa explicar. O mundo é muito grande pra quem anda de avião, pra quem anda sem destino ele cabe na palma da mão. O coração sempre arrasa a razão, o que não tem explicação ninguém precisa explicar. O sol ainda se levanta no meio de tanta confusão, no meio da madrugada ele ilumina o japão. O coração nunca cansa da canção, o que tá escrito na canção ninguem precisa aceitar."