quinta-feira, 26 de novembro de 2009

e quando nada está bem você lê Nietzsche e escuta Joy Division.
não encontra soluções e as páginas vai virando,
passa a noite se virando no lençol áspero.
levanta e deixa a jarra de água do seu lado na cama.
senta e abraça as pernas com os braços
apóia o queixo no joelho
aperta os dentes tentando digerir a angústia.
as horas passam e o sono não chega.
pega o telefone e pensa em ligar,
melhor é desligar.
amanhece e o relógio avisa que é hora de ir trabalhar.
até respira aliviado,
8 horas de ocupação mental antes de voltar pra tortura noturna em seu quarto.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

e eu sei que na solidão da noite você deprime no seu quarto ouvindo depeche mode.
reprimindo desejos
murmurando segredos
relembrando salivas.
sei que no parapeito da sua janela seus pés já se puseram e pisaram nas cinzas do
meu cigarro.
e eu sei que estou na sua memória
lembrar de mim te deixa insone.
você toma meu leite quente e dorme.
ensaio desligar o som, mas não quero que você acorde.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um metro e cinquenta e cinco de sol II

Volte logo!
Dê um telefonema, mande um telegrama ou simplesmente apareça.
Que vou tratar de deixar a casa com cheirinho de jasmim e fazer café fresquinho pra quando tu chegares.
Não esqueça: traga aquela broa, aproveitar que não foi à toa.
Vou apressar o tempo, vou te trazer pelo vento.
Vou te viver e vamos recordar.
E, mesmo quando o cansaço nos pegar, vamos matar a saudade antes que ela tente nos matar.
Sabemos que às vezes é necessário se cortar pra depois nascer inteiro, como floresceu depois disso nossa amizade. E, o que era uma flor de margarida murcha, agora perfuma meu astral e enfeita o meu quintal.
Mesmo eu te querendo sempre por perto, tu és a amiga de longe que sempre lembro e faz falta.
Pode o cinza me acompanhar ou posso me sentir chuvosa, mas sei que tens o dom de trazer-me o sol.
Obrigada sempre por me trazer "um metro e cinquenta e cinco de sol"!
Não gosto de toda essa distância, mas gosto de ti.
De ti, gosto de ti!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pirâmide de Maslow.

E, enquanto caminhavam, ela comentava sobre a pirâmide de Maslow.
Ele nunca havia comido marshmallow em pirâmide, mas gostou da idéia.
Fisiologia ele achava relevante, mas o que era "homeostase"? Deve ser alguma proteína, a palavra não lhe inspirava confiança. Mas e se fosse algo bom? Mesmo assim, melhor não arriscar.
Segurança era importante, mas como contrataria um? Ah, esse outro tipo de segurança? Sim, é importante.
Amor e relacionamento ele julgava ter e dizia-se feliz.
Estima: não admitia, mas realmente sua auto-estima não era automática.
Realização pessoal: veja só... Como corre atrás, como batalha.
Divagou sobre Maslow, foi devagar pra casa, desenhou uma pirâmide, arrumou suas prioridades e chamou-a pra comer marshmallow.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Um metro e cinquenta e cinco de sol.

Pois é, o cinza me acompanhou...
Mas vejo teu sol domingo, espero.
Te ver é tão bom sempre.
E é verdade que o sol brilhou,
hoje já deu saudade e choveu muito.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Enzo

Acordei com os sentimentos pesados, com os olhos pesados e com a cabeça mais ainda.
Como diria Enzo: "e, se bem me lembro, sonhei com corvos".
Ontem foi a última corrida do Enzo, tinha adiado, mas fiquei ali assistindo nos boxes.
Correr na chuva era sua predileção, fui eu quem molhou a pista pra sua última corrida.
Hoje eu mesma molhei a pista pra minha última corrida nesse GP, quanta ironia...
Não tinha visto a bandeira listrada, tinha óleo na pista.
Ainda vou aprender, vou saber "a arte de correr na chuva".

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Carlota

Carlota tinha mais horas de experiência do que o pipoqueiro com 15 anos de profissão, mesmo no auge de seus 19 anos.
Corria pelas ruas sujas buscando limpar a alma, por vezes até mesmo se esconde nas esquinas e olha os carros passarem e isso embaralha sua mente.
Pega carona com pessoas enigmáticas pra somente ter que se preocupar em descobrir o que a pessoa traz consigo, o medo até esquece no deslizar das palavras.
Tem um caderninho, com balões coloridos estampados na capa que guarda na bolsa.
As pessoas mais interessantes eram anotadas em sua versão, assim como a idéia de vida que ela acha correta e divertida.
Quando entra no prédio que mora com os pais e os dois irmãos mais novos é vista como uma moça suja perante as donzelas recatadas que ali também vivem (ou vegetam numa idéia proposta).
Pouco se importa e retoca o batom rosa-choque no espelho do elevador, as donzelas assustam-se e a sua rebeldia gargalha insanamente.
A rotina não era sua amiga, dificilmente visitavam-se.
Naquele dia saiu despretensiosa com seu tênis e vestido laranja sem mangas.
Parou na sinaleira e entrou no carro azul que lhe propôs carona.
Estava tocando um CD da Cássia Eller ela olhou ele nos olhos.
Foi com ele para casa, que também tornou sua casa, amou e começou a gostar de contar as horas pra sair do trabalho que ele tinha arrumado pra ela e os minutos pra ele chegar em casa.
E até hoje ela mora naquele abraço.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Corra

Corra,
Chegue lá,
Afogue-se.
Engula mais água, afogue-se...
Volte,
Pegue ar, sinta os pulmões encherem de ar.
Ria da situação...
Pegue-me pela mão, vamos rolar pelo chão.
Avance,
Corra mais,
Chegue devagar.
Molhe os pés,
Sinta o corpo emergir,
Afogue-se menos.
Respire mais, respire muito.
Ria infinitamente.
Corra, mas volte,
Volte logo!

E as luzes continuam acesas.

Ventava muito naquela avenida em que andávamos pela madrugada.
Você insistia em me provocar e afastava os cabelos do meu rosto pra contemplar minha ira.
Fomos ásperos, rimos e seguimos num descompasso alcoólico enquanto os carros passavam e as luzes continuam acesas tentando iluminar nossa caminhada.
E meu chaveiro foi a única testemunha da nossa fraqueza insana...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Bom dia, vida!

Eu acordo de manhã e tropeço na minha vida.
Todo dia ela tá ali berrando, não consigo escapar.
E acho que tô desperdiçando essa vida.
Amanhã não vou esquecer de dar bom dia à ela quando eu acordar!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Meu varal.

Eu nunca fui muitas pessoas.
Eu sempre tentei ser várias, mas sempre descubro que é melhor ser eu mesma.
Nos passeios que fiz em personalidades diversas eu descobri que, mesmo defeituosa, eu sempre vou ser assim.
E no varal eu penduro as várias de mim, eu de várias.
Ficam ali (secas) pra eu me lembrar do que fui.
Quando a chuva cai eu deixo molhar, depois o sol ilumina e faz secar.
Estou aumentando os grampos e esgotando o espaço livre, talvez eu coloque mais cordas no meu varal.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Será que posso entrar?

Chove tanto aqui fora,
será que posso entrar?
Feche a porta de meu almoxarifado de neuroses sem fontes seguras.
Me dê café quente e uma toalha,
pendure meu casaco e ligue o som.
Sim, pode ser Beatles.
Não, essas botas não molharam meus pés.
Biscoitos... hum... obrigada!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

"Let it be, let it be..."

Senti a faca nas costas,
Senti o chão abrir.
Sou psicologicamente fraca pra suportar:
Será que estava certo?
Puxa, passei tanto tempo errando então...
Arranque meu escudo, exponha meus medos.
Deixe-me sumir com o buraco que se abre no chão, finque a faca de vez.
Não deu tempo,
Já me afoguei nessas lágrimas.

"Let it be, let it be..."

terça-feira, 21 de julho de 2009

Ah! Que cílios.

Quando eu penso em você eu olhos tuas fotos,
e descubro porque me permito te relembrar.
São teus cílios.
Cílios que escondem teus olhos amendoados,
pequenos que tão pouco me trasmitem.
Nas fotos seus cílios são tão insignificantes...
Já disse que adoro teus cílios?
Eu os adoro.
Tens tantas outras relevantes qualidades,
mas seus cílios...
Ah!
Que cílios.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Vou te decodificar.

Vou pensando, me encolhendo.
Vou te seguindo, vou me relembrando.
Estou tomando toda a garrafa de vinho sozinha,
Derrubo meio copo na minha dor.
Bebo todo o seu copo.
E todos meus sentimentos estão girando;
Vou te decodificar.
Tchau! Fui me encontrar.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Acendi um cigarro e fui pra sacada.

Acendi um cigarro e fui pra sacada.
Via o mar dançar quando as gotas da chuva se juntavam a ele.
Meus pensamentos não acompanham a velocidade do mar agitado.
Estava entorpecida.
Uma tragada e uma lembrança não planejada de uma história sem final feliz.
Tentei fechar os olhos e só sentir a brisa gelada.
Uma sensação de enjôo acompanhou uma tontura.
Um medo de não pegar o ônibus certo e a passagem já está datada.
Copiei o atalho dos passos que julgava certo.
E saí... Sem levar a chave pra abrir a porta novamente.
Cheguei na rodoviária e...
"Atenção senhores passageiros com destino à...”

sábado, 13 de junho de 2009

Um coração pequeno
um sentimento grande
um café frio na xícara
e você na minha cama
levante e abra as janelas
bom dia, sol.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Meu beija-flor.

É que eu não te perguntei, porque eu só senti!
Incomodam-me as perguntas que não tem respostas.
Irredutíveis perguntas sem repostas que tentam me ensinar.
E os dias que vão passando sem responder.
Os dias são como hóstia, não tem gosto.
Hóstia com vinho pra desfocar o que me aflige.
Mas meu beija-flor não tem parada certa.
Sei que não se suga inteiro pra que não morra.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Explicando

Sabe, é que eu teimo insistindo freneticamente em tentar me explicar em tudo.
Perturbando e dificultando.
E quando eu tento me explicar, eu fico me explicando complicando insanamente.
Eu fico atrapalhada na busca de explicação, fico pequena.
Por que me explicar o motivo de eu explicar?
Eu não devo ter explicado pra mim o motivo de eu me explicar.
Ou será que eu não entendi a explicação?
Não me explico direito porque ninguém é perfeito, muito menos eu.
Há sempre um jeito simples de simplificar
Só que o simples às vezes é tão complicado de se explicar
De tanto me explicar eu me complico
Há coisas sem explicação, mas, mesmo assim, eu explico.
Explicar o inexplicável e descomplicar o complicado. Árduas tarefas.
Na minha cabeça sobram barras de espaço, sobram linhas e faltam explicações.
Sempre há palavras, e nem sempre explicação.
Se explicar é a forma de se entender: Se mais me explico, mais me complico.
Eu não entendi, não expliquei e não consigo te dizer.
Entendeu?

terça-feira, 9 de junho de 2009

A minha mente.

A minha mente
que mente
sente
gira
pede
sonha
confia
implora
cria
copia
justifica
pensa
entristece
ama
A minha mente
que é contínua
desregrada
chorosa
maldosa
neurótica
paranóica
sistemática
cuidadosa
despretensiosa
inocente
suja
nonsense
a minha mente que vaga
a minha mente que murmura
a minha mente que busca ajuda e que se julga independente.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Está tão tremido e escuro.

É que às vezes as coisas ficam assim... Meio tremidas.
E consequentemente ficam escuras, e é normal tatear em busca de respostas.
E, mesmo tateando, as respostas bailam na cabeça sem serem concretas.
Até temos alguém do nosso lado, mas tudo ainda está tão tremido e escuro... Não é possível identificar quem é.
Até que esse alguém diz: "Calma, vou acender tua luz!”.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Páginas da nossa história.

Agora eu sentei aqui no sofá e peguei um livro pra terminar, mas seu cheiro tem tirado a minha concentração.
Fecho os olhos e lembro dos teus que me fazem viajar e eu sequer sei pra onde.
Esconde-se tanta coisa e, teus lábios, tuas palavras...
Vou jogando a cabeça pra trás e deixando os pensamentos irem te encontrar.
Hoje foi um dia difícil pra nós, colamos trechos da nossa história e apagamos muita coisa que foi escrita errada.
Um aperto no peito durante toda nossa conversa... Senti vontade de chorar e explodir tudo que eu sentia e eu nem sabia o que era, mas me controlei.
Agora choro baixinho aqui, baby... Estou molhando as páginas da nossa história.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Estou escrevendo porque hoje...

Oi.
Tudo bem contigo?
Estou escrevendo porque hoje passei por uma praça tão bonita e lembrei daquele dia no inverno em que passamos uma tarde no sol sentados observando as pessoas passarem. Te lembra?
Pipoca pros pombos, risadas e três latas de coca-cola.
Às vezes eu me sinto tão feliz por esses momentos...
Dá uma dorzinha no coração, mas mesmo assim eu correspondo com um sorriso.
Tu não tens noção da falta que sinto de ti... É tanta!
Vou copiando teus versos bem baixinhos no ouvido naqueles domingos em que passávamos deitados.
Aqui os domingos são vazios, geralmente saio sozinha pela rua, vagando pra hora voar.
Às vezes escuto aquele CD que tu me deste quando eu vim pra cá, só porque parece que me sinto abraçada. As músicas acompanham cada fase nossa.
Vejo um carro igual ao teu e estico o pescoço na expectativa de que seja tu, mas nunca é...
Parece que tu vai estar me esperando descer do ônibus depois do trabalho, ou vai chegar com um bombom e me dar um beijo, mas mesmo não estando eu te sinto aqui dentro.
Foi tudo tão bom, que às vezes acho que te inventei aqui na minha cabeça.
Antes eu não percebia coisas que me estavam tão acessíveis. Hoje já me recordo de coisas que não pensei que fossem tão relevantes.
Lembro do desenho da tua unha, das tuas mãos cortando a cebola pro nosso macarrão de receita secreta, da tua sobrancelha desalinhada e do teu tênis verde.
Saudade de dormir no teu edredom verde com as bordas salmão e de deitar no tapete de crochê do teu quarto enquanto tu trabalhas no computador.
Qual mesmo a marca do teu xampu??? Saudade daquele cheirinho de camomila.
A menina que senta do meu lado no trabalho tem uma foto do namorado colada no monitor, ele tem o mesmo nome que o seu.
Parece ser simpático o moço, ela é bem apaixonada. Dá gosto de ouvir ela falar dele.
Ah, diga pra sua mãe que estou usando muito o cachecol que ela me deu. Aqui faz mais frio.
Tu ias gostar muito daqui, tudo é tão lindo e tantos lugares legais pra passear e tantos bares aconchegantes com cerveja gelada.
Sua irmã já sabe o sexo do bebê? Deve estar linda barrigudinha.
Imagino que já deve ter ido pegar aquela camiseta vermelha que estava lá em casa (fica linda em ti, viu?! Aliás, o que não fica lindo em ti?).
Querido, sinto sua falta. Hoje não li a combinação do meu horóscopo com o seu... Ainda combinam?
Meu coração parece que vai explodir e sinto que estou cheia de lembranças.
Me torno chata com todo esse saudosismo, não posso evitar.
Ainda te tenho aqui dentro e mesmo assim estou bem aqui.

Me escreva.
Beijos.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Defenestrando.

Defenestrar...
Três pessoas em lugares diferentes da cidade defenestravam seus corpos.
Um senhor de camisa cor mostarda, um rapaz e um outro rapaz que trabalhava em um circo.
Todos defenestraram seus corpos na minha frente, eu estava lá em todas as cenas.
O senhor levantou da mesa do café, deu um beijo na testa da neta e defenestrou-se.
Acordei.
Devia ter sonhado aquilo porque discutia o uso dessa palavra com um moço uma noite antes... Ou será que não?
Dor de cabeça, dor no corpo, dor nos pés por conta do salto alto...
Tive que expelir via oral tudo que eu havia consumido... Que nojo!
Escovei os dentes, tomei banho e escovei os dentes mais uma vez.
Voltei pra cama e me encolhi.
Feito bicho com medo, feito gente que fez coisa errada e que não quer assumir porque está com preguiça de viver.
Inferno particular, no silêncio fechei meus olhos bem forte.
Cochilei na decadência.
Levantei e não consegui fazer nada além de buscar água na cozinha.
Acidez demais pra uma pessoa num domingo perdido.
Falei com uma amiga, lamentei, me critiquei, explorei conceitos de gente mal humorada.
Acabei rindo dos meus sentimentos infantis e incontroláveis, das minhas expectativas que procriam sozinhas.
Foram tantas as vezes que eu criei expectativas e depois acabei caindo em cima delas... Eu deveria defenestrá-las!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Faça por você.

Ponha mais uma gotinha de calmante no seu chá e me mande flores às 9 da manhã.
Aceite a condição de me perfumar com tua pele áspera.
Coloque lençóis limpos e espere minha volta.
Pegue as roupas na lavanderia e varra a sala.
Compre sabonetes e biscoitos de polvilho.
Água nas plantas pela manhã e depois as coloque sob o sol.
Faça a cópia das chaves da portaria e pague o aluguel.
De tarde busque pão e ferva o leite pro meu café.
Depois se banhe, lave os cabelos e corte as unhas.
Faça isso por mim, por nós... Faça principalmente por você.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Põe no canal 4 pra mim?

Tô tão tristinha hoje.
Me sinto pequena, estou angustiada.
E as lágrimas bailando no rosto.
E uma banda ensaia melodias descompassadas em meus pensamentos.
E eu não sei de nada, as cores não brilham na tela cinza.
E o meu sapato está limpo embaixo, só bitucas velhas de cigarro grudadas.
Meus dedos estão limpos e as unhas lixadas.
Não vejo motivos.
Eu ainda tô tão tristinha hoje.
Põe no canal 4 pra mim?

domingo, 3 de maio de 2009

Amontoado de garrafas.

Bebia pra comemorar, pra esquecer e bebia também pra que alguma coisa acontecesse.
Não fugia... Da bebida, é claro.
Ligara embriagado naquela noite, atendera no primeiro toque.
Trocaram juras de amor, amanheceram juntos, não conseguiram se amar.
Seguiram rindo da tolice.
Inesperadamente contaram de seus passados, que ainda os machucava.
Enquanto contavam os olhos não se encontravam, uma vergonha, um desabafo.
Enquanto o tempo passava as garrafas se amontoavam vazias.
E o mundo acordava para eles irem dormir.
Xingavam policias e a paisagem foi feita pros dois.
Mais uma garrafa, uma inútil garrafa, uma sensação ruim...
E ela chegou em casa feliz de estar com ele, triste de ele ter que partir.
E ele? Ela não sabia o exatamente o que ele pensava.

sábado, 2 de maio de 2009

Quero partir de mim.

Quero partir de mim.
E a casa ainda está cheia de lembranças em branco.
Ainda faltavam dois capítulos quando você me deixou.
Por tantas vezes eu ensaiei em te deixar, mas nunca publiquei esse pensamento insano.
Eu sinto tanto, eu sinto demais, eu não me sinto sem você.
Não levou o xampu do banheiro e a loção pós-barba eu vejo quando o abro o armário.
Seu cheiro ainda ecoa no silêncio.
E a torneira que você foi embora sem consertar ainda pinga, me fazendo escutar os pingos e chorar a ausência.
E eu, que tanto reclamei, agora sobra espaço no guarda-roupa.
E os me livros sobram na estante, e haviam tantos a serem lidos.
E não tenho mais bolachas de manteiga no armário, nem cream cheese na geladeira, nunca mais tomei suco de caju.
Não me irritei mais em assistir jogos de futebol, eles se tornaram companheiros do meu sofrer.
Você não abria mais a porta pra mim e nem fechava as janelas,
Você não me dava bom dia e nem dizia mais que me amava.
Falta você aqui na cama dividindo meu espaço, não tem mais os batimentos de seu coração pra embalar meu sono nas noites de insônia.
Falta o que sonhamos, falta você escrevendo a minha vida.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Abraço estático.

Foram aqueles pensamentos que vieram de abraços estáticos...
Sim, foram eles.
Não me deixaram regenerar o coração, não deixaram estabilizar a pressão, não calcei os sapatos e nem fui pra rua.
Comi sushi e lembrei de ti... Disk-entrega de soluções e carros ultrapassando o sinal vermelho.
Tudo e nada acontecendo ao mesmo tempo, segundos mais tarde também.
Esbarrei no vaso e chorei abraçada às pétalas de margarida espalhadas no piso de madeira.
Todo o tempo de saudades bonitas e poses solitárias em fotos ensaiadas.
E a campainha toca, é você me envolvendo com mais um abraço estático.

domingo, 19 de abril de 2009

Descobri...

Descobri
Cobri
Ri
Soluço
Solução
Ação
Coração
Respiração
Aspirar
Suspirar
Ar
Janela
Tela
Compasso
Laço
Abraço
Mergulho
Saída
Ida
Descobri...

sábado, 18 de abril de 2009

Passagem datada

Acendi um cigarro e fui pra sacada.
Via o mar dançar quando as gostas da chuva se juntavam a ele.
Meus pensamentos não acompanham a velocidade do mar agitado.
Estava entorpecida.
Uma tragada e uma lembrança não planejada de uma história sem final feliz.
Tentei fechar os olhos e só sentir a brisa gelada.
Uma sensação de enjôo acompanhou uma tontura.
Um medo de não pegar o ônibus certo e a passagem já está datada.
Copiei o atalho dos passos que julgava certo.
E saí... Sem levar a chave pra abrir a porta novamente.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Priscila

Priscila era o tipo de mulher que comprava flores pra colocar na sala de seu pequeno apartamento quarto e sala.
Só usava sapatos pretos e um perfume para cada dia da semana.
Uma aliança de noivado na mão direita e uma foto dela e do noivo no porta-retato de madeira.
Cozinhava sempre aos sábados e domingos.
Sempre macarrão, sempre bife, sempre arroz, sempre, sempre, sempre...
Cabia em uma mão a quantidade de homens que haviam passado pela sua vida.
Foram poucos, foram intensos, foram marcantes.
Mas ela amava seu noivo, era fiel, era só dele.
Escrevia cartas de amor e gastava seu batom rosado nos beijos que dava a ele.
Tudo corria bem... Tudo era bom.
Domingos às vezes iam ao cinema, às vezes caminhavam, mas nunca se separavam.
Tudo era como tinha que ser, até que deixou uma nova pessoa entrar na sua vida.
Até que um gole de gim correspondia a um beijo.
Até que um domingo sozinha seria o começo do fim, adeus ao compromisso.
E Priscila descobriu que andar sem direção era bom, ainda mais sem pensar no futuro.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Dá mais um abraço?

Ela: Quero um abraço.
Ele a abraça.
Ela: Dá mais um abraço?
Ele a abraça de novo.
Ela: Agora faz carinho até eu dormir?
Ele: Faço!
Ela: Só queria isso hoje...
Ele: E você vai viciar pra tirar depois?
Ela: E quem disse que eu vou te deixar ir embora?
Ele: Você disse que só queria hoje...
Ela: Quero hoje o seu carinho. Amanhã te quero dando beijo,fazendo sexo, cozinhando pra mim, tomando banho, me vivendo... Entendeu?
Ele: Assim pode ser.
Ela: Só não pode enjoar logo.
Ele: Você é que não pode me deixar enjoar.
Ela: Traga suas bagagens e coloque o seu aquário na estante, do lado dos meus livros.
Ele: Cuidado, sou um cara que já sofreu muito.
Ela: Pessoas sofridas são perigosas, porque elas sabem que podem sobreviver.
Ele: Sem você eu não teria sobrevivido. Obrigada por ter aberto o meu bote salva-vidas e jogado fora depois de me salvar, eu nem gostava da cor dele mesmo...
Ela: Vou te ensinar a nadar, mas só pra vir até mim.
Ele: Não precisa... Não vou me perder de você, já te encontrei.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Fui seu bem.

Na noite quente meu coração gela quando você chega e me diz que encontrou outro alguém.
Esse alguém que também te faz bem, eu não te faço mais bem... Eu já fui seu bem.
Não chorei, sorri por não saber me conter.
Você estranhou eu não querer falar sobre o que houve, eu estranhei você achar que havia explicação.
Corri no espelho e analisei ali horas a minha cara, o que acontecera?
Nenhum despertador tocara pra me acordar desse sonho ruim.
Os cacos do meu coração escorreram pelo ralo enquanto eu sentei embaixo do chuveiro
tentando limpar a sensação de estar suja.
O café quente não aquecia o sentimento e nem o refrigerante congelara aquela sensação... Chorei, chorei muito, chorei mais e me descabelei!
Não desci pelo elevador na manhã seguinte, não fui pela escada...
Fiquei ali, fugi de mim!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Donzela real.

Não cubro com folhas os dias de sol, sinto os olhos arderem.
Copio o livro pra vida real, desço correndo a escada e escorrego no corrimão.
Visito o Willy Wonka e não volto pelo elevador, vou caminhando no calor que asfixia.
“Caminhando, cantando e seguindo a canção”, no mp4 uma seleção variada.
Não levo doces pra vovozinha e tampouco salvo gatinhos presos em árvores.
Plena, paquero o cara da moto azul.
Escorrego um sorriso no tropeço e sigo sem fazer boas ações.
Mocinhas não fumam cigarros, e nem paqueram caras de motos.
Desculpe... Sou real.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Filme.

Uma história delicada, divertida e empolgante sobre duas amigas sapecas que, apesar de se conhecerem por muitos anos, conseguem superar os limites da amizade e se aproximarem cada dia mais.
Elas vão a festas juntas, conhecem caras mentirosos e motoristas de meia idade, passam horas fofocando sentadas em um posto de gasolina comendo amendoim e garantem grandes gargalhadas.
O lado emocionante é possível encontrar nas cenas de companheirismo que há gestos simples de amizade, além das vezes em que choram juntas.
Elas têm uma vida social agitada e muitos amigos que fazem com que se torne ainda mais divertido os dias dessas duas garotas espoletas que esbanjam vivacidade.
A deliciosa trilha sonora passa por Latino, Thalia, Julieta Venegas, Odair José, Oswaldo Montenegro, Los Redonditos, Shakira, pérolas do sertanejo universitário, e outros artistas memoráveis.

Emoção, demonstrações de afeto e muita emoção... Eu recomendo!

Em cartaz todos os dias da minha vida.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

"Amo tanto você, isso me deixa doente"

- "Não gosto quando falas assim de outras mulheres!!!"
E essa frase foi o grito de fúria daquela mulher.
Estava insegura e ele nem sempre lhe dava segurança.
Ela era do tipo que seguia a risca a canção de uma banda que muito gostava "você precisa de alguém que te dê segurança, senão você dança, senão você se cansa"... cantando a canção ela detectava que nem sempre sentia que tudo aquilo valia a pena.
Ele riu e ela esbravejou.
Ele disse "Lovin' you is so much, that makes me sick".
Ela disse que não gostava quando ele falava em inglês só pra ela não compreender.
"Amo tanto você, isso me deixa doente", dizia ele.
Sorriu por dentro, pra que depois ele afirmasse... "I love you all the time, I need you 8 to 9"

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ser do mundo.

Um casaco na cintura, algum trocado e dirigiu-se a rodoviária.
Queria tanto ser uma pessoa do mundo, sem destino, sem passado, só vivendo o presente.
Andou por vários guichês que vendiam passagens e nenhum deles vendia o que ela queria e não sabia explicar.
Descobriu que ser do mundo é estar em todos os cantos ao mesmo tempo, ou em algum lugar fora dele...
E isso, minha cara, não tem como.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Na ausência

Pode parecer tão irracional falar de quem nunca escutamos uma gargalhada ao vivo e nunca olhamos nos olhos, pode parecer tolo dizer que sinto tua falta, pode soar não sincero.
Ver, ouvir, falar, tocar, sentir... mesmo sem nada disso preencheu um cantinho no peito, e ele dói por não ter... Fica incompleto, mas mesmo assim não deixa de ser especial.
Ainda não sei o teu cheiro, mas sei que vou gostar... Toca-me mesmo distante.
A escrita não exprime todo o sentimento e, quando as palavras faltam, eu não posso apenas sorrir e te olhar para que me compreendas.
A falta do olho físico, de uma música que marque e a mão no ombro... coisas vezes irrelevantes pra que eu me sinta em paz contigo.
Cheio de carinho, sinto que toca de forma sutil quando as palavras escritas fluem.
Não sei como gostas de dormir e se fica sonolento durante a manhã.
Não descobri se prefere dormir ou passear nos dias livres, ou qual pipoca come quando vai ao cinema.
Fica ainda na minha curiosidade se as unhas são cortadas alinhadas ou lava os cabelos todos os dias.
Será vai aceitar comer petit gateau comigo depois de almoçar salada ou ir comprar sapatos em promoção?
Quem sabe se prefere creme dental de cor azul ou ervilhas no lanche?
O tanto que não sei que é quase o tanto que sinto.
Tem vezes que não me parece real e todas as vezes que falam daquela cidade meu pensamento voa... será que encontra?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Estrada.

Ela: minha história, meus quilômetros por hora.
Ele: rápido?
Ela: depende da estrada
Ele: que estrada costumas pegar?
Ela: depende... quando se conhece muito a estrada não tem mais tanta atenção, nada é novidade.
Ele: e geralmente sua estrada é conhecida, ou seja, que você conhece?
Ela: a minha ou a que eu ando?
Ele: a que você anda.
Ela: andar pelo conhecido é mais fácil, andar pelo novo abastece a vida.
Ele: quanto tempo tem sua estrada?
Ela: tempo de construção? Alguns, mas nem todo tempo a gente abre a estrada pra passagem.
Ele: e agora... como ela tá?
Ela: muitas pessoas passam por ela pras férias de verão, mas é só de passagem.
Ele: e você gosta disto?
Ela: nem todo dia é de sol e nem toda chuva alaga.
Ele: onde fica?
Ela: no litoral
Ele: de onde?
Ela: do sul
Ele: acho otimo o vai e vem do verão
Ela: depende do que ele deixa.
Ele: com certeza, isto é essencial
Ela: ganhar o que as pessoas deixam as vezes também é perder
Ele: também compartilho deste pensamento
Ela: tem que coisas que a gente não escolhe, só se deixa levar
Ele: e isso é ruim?
Ela: desde que possa ser ponte pra fugir das mesmas paisagens...
Ele: e sua estrada está aberta?
Ela: consertei os buracos e abandonei o pedágio, acesso limitado.
Ele: posso ir pela sua estrada ou seria muito atrevimento?
Ela: boa viagem!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Gosto ruim.

Não sei... Eu simpatizava com aquele olhar solitário que berrava por uma companhia.
Não só nas noites frias que o coração quase parava de tanta solidão, mas também para os desabafos cotidianos de seu subemprego.
Até tolerava suas grosserias, eram tão instantâneas e normais para ele que já fazia sem notar.
Sempre se encontravam na hora da janta, naquele refeitório encardido e escuro.
Ele fazia questão de sentar-se perto, e eu não conseguia olhar...
Sentia-me coagida.
Apesar do aspecto sujo ele tinha uma ternura explodindo dentro de si.
Começamos a nos cumprimentar de forma cordial e respeitosa.
Acho que começamos a conversar num dia em que a comida não estava com um gosto bom, e então trocamos idéias
Tinha idéias infantis, escrotas e se achava superior.
Agora sim entendo o porquê de ele ser sozinho, e pelo jeito vai continuar assim.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Dieta.

O suco de maracujá estava delcioso, pena só colocar duas gotas de adoçante.
De dieta mais uma vez (genética ingrata)!
Lembro-me da planilha que tenho de deixar pronta pra reunião de amanhã e o suco já me desce amargo na garganta.
Me entrego ferozmente ao teclado pra tentar cumprir o prazo.
Falta metade, um pouco... tô quase lá.Puft!Um estouro e acaba luz...
Todos os dados perdidos.
putaqueopariu.
Abri o maço de cigarros que estava na gaveta fazia quatro meses e duas semanas (desde quando pareide fumar), cheirei o cigarro e dei uma tragada.
Fiquei tonta e satisfeita... uma onda de calmaria me invadiu.
Outra tragada mais e mais, mais, mais... mais um cigarro.
Mais quatro cigarros e a luz volta.
Como um chocolate perdido e recomeço a planilha.
Fico estressada quando faço dieta, as coisas nunca dão certo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O sol

Enquanto o mundo anda rápido eu fico parada tenta me procurar.
Sento e fico tirando os esmaltes descascados, os dedos ainda amarelos de nicotina justificam a tosse.
Vou esquecendo as dores que habitam o meu coração, penso em clarear a escuridão dos olhos.
Previsão de chuva para os próximos dias dentro de mim.
Mas o sol sempre vai existir, esteja eu triste ou feliz.
Talvez ele possa me fazer sorrir, e que ele não testemunhe nada menos que isso de mim...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Huanita

Me pego pensando no que escrever e é tanta coisa que seria impossívelresumir...
Aniversários, noites em claro, chocolates, open, cachorro quente, filminho, bater o carro, andar de bonde, pegar táxi mais barato, domingo de sol, são paulo, jantar chique, noite de chuva alegre e, tantas coisas mais que me deixam feliz.
Parece-me sempre a melhor cia para os momentos tristes e para dividir alegrias.
Conversas inúteis, conselhos sérios, pratos frios de vingança.
Discutimos por discordar ou até mesmo por concordar.
Há épocas em que afazeres, romances e cansaço nos afastam, mas superamos tudo isso.
Só sei que gosto e não é pouco.. é tanto que as vezes eu nem sei explicar.
Uma pessoa única, com um jeito encantador e um olhar que diz tudo ao mesmo tempo.
Consegues surpreender de uma forma incrível, tchê.
Te definir seria tosco, pq ainda bem que mutações nos acompanham.
Cat... faça o favor de não sair nunca da minha vida.

Y a mucha honra, amiga de la Huanita soy!
Te amo Brasiiiiiiiiiiil!
"Não tenha medo: nem tudo tem explicação. Há mistério em quase tudo, nem todo veludo é azul. O coração sempre arrasa a razão, o que é preciso ninguém precisa explicar. O mundo é muito grande pra quem anda de avião, pra quem anda sem destino ele cabe na palma da mão. O coração sempre arrasa a razão, o que não tem explicação ninguém precisa explicar. O sol ainda se levanta no meio de tanta confusão, no meio da madrugada ele ilumina o japão. O coração nunca cansa da canção, o que tá escrito na canção ninguem precisa aceitar."