quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dosei a dose.

Dosei a dose da loucura...
Antes mais do que menos.
A roupa cheirando a cigarro e o cabelo despenteado.
Olhei pela janela a garoa fina que anunciava um dia cinza.
Pra sorrir eu fechava os olhos e pra chorar eu abria.
Bocejei!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Estudo de caso.

De longe eu não diagnostiquei que era tão especial, quando se chegou eu prognostiquei que jamais sairia daqui de dentro.
Nem precisou de uma campanha elaborada minuciosamente e nem precisa de esforços para fidelizar e estreitar nossa relação.
Com o felling pra captar as necessidades uma da outra.
Fazemos uma comunicação direta quase diária, inevitável o planejamento estratégico pra sua vinda pra cidade dos pecados.
Ela é faz parte meu mailling list invejável de amigos.
As campanhas institucionais são compostas de abraços, compreensão e amparos.
Aceita meu papel de lobista nos pecados alheios.
Faz parte da minha assessoria nos bafões alcoólicos.
Sabe se relacionar com os clientes e ignorá-los quando necessário.
Ela, como eu, adora eventos e sabe aproveitá-los de forma digna.
Comparecemos em cermoniais, mas dispensamos o protocolo.
Na comunicação interna somos bem sucedidas e acompanhadas.
Minha comunicação externa é dirigida ao públicos de interesse, ou seja... te amo!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Me diga que posso

Eu já fico à pensar nas possibilidades de não saber mais se é a noite fria, ou fria sou eu.
Apaguei o que iluminava e não tem nada que me mostre qual lado seguir.
Espero, com a chuva que se anuncia, as respostas pra saber se ainda consigo deitar em paz na sua cama pra dividir seu sono.
Te chamar no meio da noite não é o mesmo que te ter aqui.
Não sei se vai responder...
Eu ainda estou no teu sonho?
E se eu mudar?
Você me esperaria se eu demorasse um minuto a mais?
Você estaria sozinho se pudesse?
Não posso mais voltar a me sentir em paz em relação a você. (Me diga que posso)
Coloque as meias pra aquecer o pé, quero que se sinta protegido... E em mim sinta-se abrigado.
Que a calma me acompanhe com a luz do dia, que você me acompanhe por todos os dias.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Na fila.

Adocei o sorriso e flutuei nos passos quando vi ele parado com a mão na cintura na fila da padaria.
Desejei-lhe naquele instante, ele não sabia da habitação do meu desejo.
Caia-me os cabelos nos olhos com o ventilador em minha direção.
As chaves pararam no chão pela minha desatenção, o barulho me transportou para a realidade.
Visitei seu cheiro ao chegar perto.
Naveguei naquelas palavras bem ditas com um sotaque me preenchia de curiosidade enquanto ele fazia o pedido.
Vi seus dedos coloridos de nicotina e o maço de cigarros no bolso da camisa.
Descobri que gosta de chiclete de canela e não usa meias.
Suas chaves o levaram até sua motocicleta vermelha que deslizou na avenida.
Saiu, deslizou e nunca mais voltou.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Tiago.

É tanto e pouco.
Tantos dias de sol e poucas tempestades rápidas.
Milhares de músicas que tocam simultaneamente acompanhadas do teu sorriso aberto.
Teu coração grande é mais que um ingresso desejado.
As impaciências compreendidas num abraço de doer e apertar as costelas.
Idéias surreais, outras reais e, outras que ainda realizaremos.
Andar sem rumo e esquecer a dor que corta.
Sono profundo e carinha de anjo quando dorme... A desatenção quando acorda.
O gosto pelo que é belo, a atenção ao que desagrada.
O respeito pela adversidade e a chateação sentida na voz.
Uns sussurros maldosos citando alheios.
Calmaria nos meus pensamentos despenteados e umas frases soltas na minha aflição.
Uma inocência engraçada que não se espanta com meus comentários.
Um chocolate numa situação amarga e uma companhia na dor.
Admiro pela luta nas muitas batalhas e por sempre ter um ombro amigo.
Que venham muitos dias cor de laranja, álbuns de papel e que não paremos em nenhum semáforo.
Te amo!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sem medir.

Ingerindo sem medir
Aquela bebida forte não me fez querer dormir
Fiquei ali sentada observando os faróis no carro na escuridão da noite
Doíam os olhos e era bonito
Não eram precisos os traços
Não era firme o meu olhar
Me distraia com o som dos pneus
Levantei trôpega e ri de mal conseguir levantar
Deitei na cama e me concentrei das irregularidades do teto.
Naveguei no sono
E no outro dia eu acordei com os mesmos problemas...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A xícara.

Um resto de café amanhecido na xícara e uma porção de sorrisos planejados.
Mágoas temperadas na noite anterior.
Encaixotou os sonhos e se rendeu a sensação de sentir-se só.
Mais um pouco de café gelado naquela xícara.
Uns pensamentos suicidas e uma briga no apartamento do vizinho.
Um banho e o trajeto até o trabalho.
O dia está só começando...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Um, dois, três...

Uma tela
um rosto
dois rostos
duas pessoas
um copo pela metade
uma lágrima
um meio sorriso
quartas intenções
um sentimento
uma piedade
uma coragem
um medo
um desafio
um desespero
uma hesitação
um cinzeiro
uma tragada
duas tragadas
três tragadas
quatro tragadas
cinco tragadas
um desabafo
quatro letras
três sinceridades
uma porta batendo
uma discordância
meio fim.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Faltava.

Olhava o espaço vazio em seu coração e o mural sem fotos com namorado.
Sentia ciúme de seus livros que faziam fantasias de relacionamentos bem sucedidos.
E das vezes que tomava banho ensaiando declarações de amor envergonhadas.
Imaginava nos filmes sua figura com um galã bem apessoado e perfumado.
Maquiava-se a seu jeito desajeito em fins de semana pra fingir que estava em uma reunião do high society.
E o vinho barato fazia com que as coisas se juntassem em pensamentos alegres.
Ria das piadas que o vizinho contava para os amigos que o visitavam, como se estivessem sido contadas para ela.
Junto com a dor de cabeça que o vinho lhe dava, tudo voltava ao normal ao despertar na manhã seguinte.
Faltavam cartas de amor e promessas de ser para sempre, faltava alguém.

sábado, 9 de agosto de 2008

Meu tempo.

O tempo passa rápido quando quero arrastá-lo naquele momento e devagar quando a saudade me corta oua dor estampa meus olhos.
Gosto de dar passo a passo, de contemplar a paisagem e do abraço demorado, mas gosto das filas rápidas.
Nem por isso deixo de planejar, de pensar mais adiante.
Só quero me agradar e não me deixar corromper.
Quero deixar sorrisos aos que cruzarem meu caminho e nostalgias gostosas aos que se lembrarem de mim.
No que depender de mim, vou encostar tua rua na minha... Te dar uma café e um afago.
Seja bem-vindo.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Garçom, a conta.

Apenas uma caneca de café, por favor.
Neste inverno frio lembro-me do quente do verão e que eram dois copos de suco...
Éramos dois.
Traga-me também uma porção de novas sensações,
de planos realizáveis e de sonhos em conjunto.
Junto com as gotas que derramei na mesa, escuto minha história na música que toca.
Nostalgia e novos sonhos.
Traga-me a conta, vou viver.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Caiçara.

Oh menina, tu é tão bela de blusinha amarela.
E eu, tão graciosa de blusinha rosa.
Passeio pela praia e vejo o céu da cor de seus olhos azuis.
Anseias por pecados tirando vários retratos.
Acho bonito suas orelhas e suas unhas vermelhas.
Escrevo-te um recado que seja do teu agrado.
Leio poesias desconexas e durante a noite te puxo as cobertas.
Penso em frases que nunca te disse e admiro tua meiguice.
Sei que sou rude, mas tenho virtude.
Com seu jeito bobinho deixa os homens caidinhos.
Tu de blusa roxinha fica muito lindinha.
Usas blusa marrom e passas batom.
Eu sempre digo que te amo porque sigo a linha Graciliano Ramos.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O que tem feito?

- Oi. Não acredito que te encontrei. Quanto tempo, rapaz.

- Oi. Pois é... Tudo bem?

- Tudo muito bem, e tu?

- Também.

- Então... O que tem feito?

- Nada de muito especial, e tu?

- Muito e pouco! E tu? Não acredito que não tenha feito nada.

- Bom... Me perdendo nos meus erros seria a descrição perfeita, mas é muito clichê.

- Ou seria a descrição mais simples?

- Pode ser. Ou mais acomodada também, não achas?

- Talvez. Mas geralmente a gente só assume que é erro depois que já fez. Por muitas vezes sabemos que estamos fazendo errado, mas até dar errado ignoramos isso.

- Por que será que fazemos isso? É algo de auto-enganação.

- É algo de tentar a felicidade também.

- Nunca tinha pensado dessa forma. Sempre encarei isso como auto-flagelação. Como querer sofrer pra se punir, que as coisas davam errado pra mim porque eu as atraía.

- Nem sempre... Tenho que ir, estou super atrasado. Bom te encontrar.

- Muito bom te encontrar. Nos vemos.

- Nos vemos.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Romance de Carnaval

Era domingo de carnaval.
Ela não gosta de domingos, também não apreciava o carnaval.
Saiu com seus amigos. Foram ao mesmo bar que habitualmente iam.

Ela entrou e logo o viu.
Ele estava lá... Cabelos longos, roupa preta e uma cara de poucos amigos.
Ele parecia indiferente, nem a reparara.
Ela o olhava, não conseguia desviar o olhar. Ele realmente havia despertado seu interesse.
Ele ainda não havia olhado pra ela, talvez ela nem fizesse o "seu tipo".
Ele investia suas cantadas em uma menina, enquanto isso ela dançava e tentava divertir-se com seus amigos.

Ah, não! Ela não conseguia parar de monitorá-lo.
Ela observava seus movimentos e sua tatuagem que se mostrava visível no braço direito.

Fez-se alegre quando a tal fulaninha que ele investira as cantadas foi embora sem resquícios de beijos ou aproximações maiores.

Ela então o viu sozinho. Viu ali sua chance a poucos metros.
Sentia muito medo da rejeição. Ele era bonito, ele lhe despertava interesse de uma forma especial.
Se ele a rejeita-se ela iria se importar mais do que normalmente se importaria com os caras que habitualmente conhecia.

Ela tinha receio de aproximar-se.
Passou por ele.
Ele a olhou. Não a olhou porque se sentia atraído. Simplesmente os olhares se cruzaram.

Rapidamente ela arriscou um tímido "oi". Ele retribui. Ela sentiu-se confiante com o movimento que ele fez com o corpo. (Ela sempre media o grau de interesse das pessoas por seus gestos)

Então conversaram... Coisas banais, coisas aleatórias. Brevemente se conheceram.
Ela gostou dele. Sentia-se insegura e por vezes gostava de sentir-se assim.
Ela confessou seu interesse no fim da noite, não poderia deixá-lo assim... Ele a beijou, ela retribuiu com vontade.

Lamentou ter que partir, mas estava de carona. Dependia de seus amigos pra voltar pra casa e eles a aguardavam.

Ele disse para ela adicionar-lhe no Orkut. Ela assim o fez na manhã seguinte.

Passaram-se dias e ele não mantivera contato.
Ela seguia sua vida. Trabalhava, divertia-se e continuava a ir ao bar em que era habituada. Conhecera outros homens, mas era com ele que ela queria estar.
Já havia perdido a esperança de encontrá-lo novamente.

Passados mais alguns dias e ele estabelece contato, ela alegra-se.
Alguns recados trocados e começaram a comunicar-se via mensagens de celular.
Oh! Quão gentil ele era.

Ele disse que viria encontrá-la. Ela ficou ansiosa, desejava muito vê-lo novamente, embora tivesse medo de o encanto se quebrar.
Ele cumpriu sua promessa... Veio vê-la. Ele a conquistou mais ainda. Tudo era muito intenso.

Ela entristeceu ao ter de se despedir. Ela o queria muito, por muito mais.

As mensagens via celular continuaram em grande freqüência. Uma longa e escura semana se passou até que ele voltasse.
A alegria tomara conta dela. Tudo parecia mágico. Foram momentos intensos. Não são momentos descritíveis e/ou mensuráveis.

Ele teve de partir.
Ela soluçava... Não conseguia abrandar o choro. Ela sentia que ele levara um pedaço vital seu.
Sim, ele levara o coração dela consigo. Ela estava triste, mas ele deixara o coração dele também.

Ela o amava. Ele a amava.
Ela não sabia administrar o sentimento.
Sentia-se egoísta ao querer tê-lo para todo o sempre só para si.

Ambos acreditam no sentimento que nutrem.
Ele mora longe. Ela julga injusto.
Estabeleceram uma relação. Ela sente-se insegura. Medo de perder o homem que a fez amar novamente, que a fez sentir-se amada.
Sentem saudade. Tentam driblá-la.
Amam-se e isso é o que os impulsiona.
Amam-se muito e serão felizes para sempre no que somente deles depender.




(O para sempre já acabou)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Tropeço nas pedras

Tentou ignorar...
Mas não foi possível.
Tropeçou nas pedras e tentou ignorar o passado.
Conseguiu feridas purulentas como castigo,
Conseguiu piedade de uns e revolta de outros.
Não se deixou abater visando somente o que lhe convém.
Nada a trazia mais felicidade do que olhar pra trás e ver que as pedras permaneciam e ela tinha passado, mesmo com empecilhos alheio!
Foi forte, pagou um preço, recebeu sua recompensa pessoal.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sofá de couro.

Não gostava de escorregar em sofá de couro em dias de mau humor.
Lembravam-na sofás de consultórios médicos que a pessoa fica ali se segurando pra não escorregar depois do almoço com muito sono e a secretária sorrindo de maneira automática.
Ficava ali folheando uma revista velha qualquer só pra não olhar a secretária.
Quando tava de mau humor gostava era de sorvete de ameixa debaixo das cobertas.
Baixava o volume da campainha do telefone de casa e deixava o celular no modo silencioso.
Passava horas rindo de programas tolos na TV e não se lamentava, tinha um mau humor irônico... "Zapeava" os programas de humor.
Depois do sorvete comia torradas com patê. Mais sorvete.
Depois da autodestruição alimentar partia pro “plano b” do mau humor.
Tomava banho bem quente e passava um creme caro no corpo, que pagou em três vezes.
Ficava de roupão e escutava Frank Sinatra, apesar de não gostar muito.
Porque imaginava ser assim que as pessoas ricas faziam quando estavam de mau humor.
Já que não podia divertir-se em Las Vegas.
"Não tenha medo: nem tudo tem explicação. Há mistério em quase tudo, nem todo veludo é azul. O coração sempre arrasa a razão, o que é preciso ninguém precisa explicar. O mundo é muito grande pra quem anda de avião, pra quem anda sem destino ele cabe na palma da mão. O coração sempre arrasa a razão, o que não tem explicação ninguém precisa explicar. O sol ainda se levanta no meio de tanta confusão, no meio da madrugada ele ilumina o japão. O coração nunca cansa da canção, o que tá escrito na canção ninguem precisa aceitar."