quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Na fila.

Adocei o sorriso e flutuei nos passos quando vi ele parado com a mão na cintura na fila da padaria.
Desejei-lhe naquele instante, ele não sabia da habitação do meu desejo.
Caia-me os cabelos nos olhos com o ventilador em minha direção.
As chaves pararam no chão pela minha desatenção, o barulho me transportou para a realidade.
Visitei seu cheiro ao chegar perto.
Naveguei naquelas palavras bem ditas com um sotaque me preenchia de curiosidade enquanto ele fazia o pedido.
Vi seus dedos coloridos de nicotina e o maço de cigarros no bolso da camisa.
Descobri que gosta de chiclete de canela e não usa meias.
Suas chaves o levaram até sua motocicleta vermelha que deslizou na avenida.
Saiu, deslizou e nunca mais voltou.

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"Não tenha medo: nem tudo tem explicação. Há mistério em quase tudo, nem todo veludo é azul. O coração sempre arrasa a razão, o que é preciso ninguém precisa explicar. O mundo é muito grande pra quem anda de avião, pra quem anda sem destino ele cabe na palma da mão. O coração sempre arrasa a razão, o que não tem explicação ninguém precisa explicar. O sol ainda se levanta no meio de tanta confusão, no meio da madrugada ele ilumina o japão. O coração nunca cansa da canção, o que tá escrito na canção ninguem precisa aceitar."