terça-feira, 13 de abril de 2010

Paredes.

A coluna pende e não consigo ficar reta.
Pego um cigarro e ainda restam três no maço,
o cinzeiro está prestes a transbordar com as bitucas dessa noite.
Em uma das paredes vejo quadros de pessoas nuas dançando tango,
na outraum relógio com desenho de frutas que há anos marca 8:40,
e o relógio do microondas intacto como sempre no 0:00.
Não acho meu relógio de pulso,
o celular carrega na tomada e as luzes azuis
mostram digitalmente 2:27 (2+2+7=11).
As luzes da cidade, olhando daqui, parecem piscar pra mim... Será que ironicamente?
A cortina dança em sintonia com a sacola plástica do lixeiro,
só minha fumaça está descompassada.
Quantos carros passando depressa nessa avenida, nenhum veio me buscar.
"Não tenha medo: nem tudo tem explicação. Há mistério em quase tudo, nem todo veludo é azul. O coração sempre arrasa a razão, o que é preciso ninguém precisa explicar. O mundo é muito grande pra quem anda de avião, pra quem anda sem destino ele cabe na palma da mão. O coração sempre arrasa a razão, o que não tem explicação ninguém precisa explicar. O sol ainda se levanta no meio de tanta confusão, no meio da madrugada ele ilumina o japão. O coração nunca cansa da canção, o que tá escrito na canção ninguem precisa aceitar."