terça-feira, 26 de maio de 2009

Estou escrevendo porque hoje...

Oi.
Tudo bem contigo?
Estou escrevendo porque hoje passei por uma praça tão bonita e lembrei daquele dia no inverno em que passamos uma tarde no sol sentados observando as pessoas passarem. Te lembra?
Pipoca pros pombos, risadas e três latas de coca-cola.
Às vezes eu me sinto tão feliz por esses momentos...
Dá uma dorzinha no coração, mas mesmo assim eu correspondo com um sorriso.
Tu não tens noção da falta que sinto de ti... É tanta!
Vou copiando teus versos bem baixinhos no ouvido naqueles domingos em que passávamos deitados.
Aqui os domingos são vazios, geralmente saio sozinha pela rua, vagando pra hora voar.
Às vezes escuto aquele CD que tu me deste quando eu vim pra cá, só porque parece que me sinto abraçada. As músicas acompanham cada fase nossa.
Vejo um carro igual ao teu e estico o pescoço na expectativa de que seja tu, mas nunca é...
Parece que tu vai estar me esperando descer do ônibus depois do trabalho, ou vai chegar com um bombom e me dar um beijo, mas mesmo não estando eu te sinto aqui dentro.
Foi tudo tão bom, que às vezes acho que te inventei aqui na minha cabeça.
Antes eu não percebia coisas que me estavam tão acessíveis. Hoje já me recordo de coisas que não pensei que fossem tão relevantes.
Lembro do desenho da tua unha, das tuas mãos cortando a cebola pro nosso macarrão de receita secreta, da tua sobrancelha desalinhada e do teu tênis verde.
Saudade de dormir no teu edredom verde com as bordas salmão e de deitar no tapete de crochê do teu quarto enquanto tu trabalhas no computador.
Qual mesmo a marca do teu xampu??? Saudade daquele cheirinho de camomila.
A menina que senta do meu lado no trabalho tem uma foto do namorado colada no monitor, ele tem o mesmo nome que o seu.
Parece ser simpático o moço, ela é bem apaixonada. Dá gosto de ouvir ela falar dele.
Ah, diga pra sua mãe que estou usando muito o cachecol que ela me deu. Aqui faz mais frio.
Tu ias gostar muito daqui, tudo é tão lindo e tantos lugares legais pra passear e tantos bares aconchegantes com cerveja gelada.
Sua irmã já sabe o sexo do bebê? Deve estar linda barrigudinha.
Imagino que já deve ter ido pegar aquela camiseta vermelha que estava lá em casa (fica linda em ti, viu?! Aliás, o que não fica lindo em ti?).
Querido, sinto sua falta. Hoje não li a combinação do meu horóscopo com o seu... Ainda combinam?
Meu coração parece que vai explodir e sinto que estou cheia de lembranças.
Me torno chata com todo esse saudosismo, não posso evitar.
Ainda te tenho aqui dentro e mesmo assim estou bem aqui.

Me escreva.
Beijos.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Defenestrando.

Defenestrar...
Três pessoas em lugares diferentes da cidade defenestravam seus corpos.
Um senhor de camisa cor mostarda, um rapaz e um outro rapaz que trabalhava em um circo.
Todos defenestraram seus corpos na minha frente, eu estava lá em todas as cenas.
O senhor levantou da mesa do café, deu um beijo na testa da neta e defenestrou-se.
Acordei.
Devia ter sonhado aquilo porque discutia o uso dessa palavra com um moço uma noite antes... Ou será que não?
Dor de cabeça, dor no corpo, dor nos pés por conta do salto alto...
Tive que expelir via oral tudo que eu havia consumido... Que nojo!
Escovei os dentes, tomei banho e escovei os dentes mais uma vez.
Voltei pra cama e me encolhi.
Feito bicho com medo, feito gente que fez coisa errada e que não quer assumir porque está com preguiça de viver.
Inferno particular, no silêncio fechei meus olhos bem forte.
Cochilei na decadência.
Levantei e não consegui fazer nada além de buscar água na cozinha.
Acidez demais pra uma pessoa num domingo perdido.
Falei com uma amiga, lamentei, me critiquei, explorei conceitos de gente mal humorada.
Acabei rindo dos meus sentimentos infantis e incontroláveis, das minhas expectativas que procriam sozinhas.
Foram tantas as vezes que eu criei expectativas e depois acabei caindo em cima delas... Eu deveria defenestrá-las!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Faça por você.

Ponha mais uma gotinha de calmante no seu chá e me mande flores às 9 da manhã.
Aceite a condição de me perfumar com tua pele áspera.
Coloque lençóis limpos e espere minha volta.
Pegue as roupas na lavanderia e varra a sala.
Compre sabonetes e biscoitos de polvilho.
Água nas plantas pela manhã e depois as coloque sob o sol.
Faça a cópia das chaves da portaria e pague o aluguel.
De tarde busque pão e ferva o leite pro meu café.
Depois se banhe, lave os cabelos e corte as unhas.
Faça isso por mim, por nós... Faça principalmente por você.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Põe no canal 4 pra mim?

Tô tão tristinha hoje.
Me sinto pequena, estou angustiada.
E as lágrimas bailando no rosto.
E uma banda ensaia melodias descompassadas em meus pensamentos.
E eu não sei de nada, as cores não brilham na tela cinza.
E o meu sapato está limpo embaixo, só bitucas velhas de cigarro grudadas.
Meus dedos estão limpos e as unhas lixadas.
Não vejo motivos.
Eu ainda tô tão tristinha hoje.
Põe no canal 4 pra mim?

domingo, 3 de maio de 2009

Amontoado de garrafas.

Bebia pra comemorar, pra esquecer e bebia também pra que alguma coisa acontecesse.
Não fugia... Da bebida, é claro.
Ligara embriagado naquela noite, atendera no primeiro toque.
Trocaram juras de amor, amanheceram juntos, não conseguiram se amar.
Seguiram rindo da tolice.
Inesperadamente contaram de seus passados, que ainda os machucava.
Enquanto contavam os olhos não se encontravam, uma vergonha, um desabafo.
Enquanto o tempo passava as garrafas se amontoavam vazias.
E o mundo acordava para eles irem dormir.
Xingavam policias e a paisagem foi feita pros dois.
Mais uma garrafa, uma inútil garrafa, uma sensação ruim...
E ela chegou em casa feliz de estar com ele, triste de ele ter que partir.
E ele? Ela não sabia o exatamente o que ele pensava.

sábado, 2 de maio de 2009

Quero partir de mim.

Quero partir de mim.
E a casa ainda está cheia de lembranças em branco.
Ainda faltavam dois capítulos quando você me deixou.
Por tantas vezes eu ensaiei em te deixar, mas nunca publiquei esse pensamento insano.
Eu sinto tanto, eu sinto demais, eu não me sinto sem você.
Não levou o xampu do banheiro e a loção pós-barba eu vejo quando o abro o armário.
Seu cheiro ainda ecoa no silêncio.
E a torneira que você foi embora sem consertar ainda pinga, me fazendo escutar os pingos e chorar a ausência.
E eu, que tanto reclamei, agora sobra espaço no guarda-roupa.
E os me livros sobram na estante, e haviam tantos a serem lidos.
E não tenho mais bolachas de manteiga no armário, nem cream cheese na geladeira, nunca mais tomei suco de caju.
Não me irritei mais em assistir jogos de futebol, eles se tornaram companheiros do meu sofrer.
Você não abria mais a porta pra mim e nem fechava as janelas,
Você não me dava bom dia e nem dizia mais que me amava.
Falta você aqui na cama dividindo meu espaço, não tem mais os batimentos de seu coração pra embalar meu sono nas noites de insônia.
Falta o que sonhamos, falta você escrevendo a minha vida.
"Não tenha medo: nem tudo tem explicação. Há mistério em quase tudo, nem todo veludo é azul. O coração sempre arrasa a razão, o que é preciso ninguém precisa explicar. O mundo é muito grande pra quem anda de avião, pra quem anda sem destino ele cabe na palma da mão. O coração sempre arrasa a razão, o que não tem explicação ninguém precisa explicar. O sol ainda se levanta no meio de tanta confusão, no meio da madrugada ele ilumina o japão. O coração nunca cansa da canção, o que tá escrito na canção ninguem precisa aceitar."